terça-feira, maio 08, 2007

E então Álvaro atirou-se da ponte.
Caiu, bateu na água e morreu. Talvez já tivesse morrido durante a queda.
Não, Álvaro estava vivo. E arrependeu-se de saltar, mas já não havia caminho de regresso.
Na minha opinião Álvaro morreu no dia em que ela lhe pediu para que se afastassem. Nunca o tinha visto assim.
Todos os que o conheciam concordarão que Álvaro não seria o row model ideal. Desde mau estudante, passando por noctívago compulsivo, até chegar ao extremo de ser anarca, não por ideologia, mas por convicção de que a sociedade perfeita seria aquela em que ninguém mandasse.
Álvaro era "o escritor". Atacado de crises de identidade e outras mais graves, como as filosóficas e as de inspiração, ele queria não ser ele, mas ser antes Ele! Daí ser escritor.
Há três Outonos atrás, estava Álvaro em plena crise de inspiração quando a vê no parque das ideologias que, com nome de Rei inglês. É então que ela lhe pede lume:
-Desulpe, não fumo!
-Eu também não.
E andaram e namoram, e ao fim de 4 meses ele mudou-se para a casa dela.
E ela enganou-o. Não lhe intressou com quem. Ele saiu de casa dela.
Tentou viver sem a sua "Penélope", mas não deu. Quando ela entendeu o erro, ele não a quis: - Eu sou homem! Ela não brinca comigo!
Numa tarde quente de maio fartou-se de tentar viver. Parou o Clio no tabuleiro da "Ponte Salazar" e saltou.
Se não se matasse, também não durava muito. O absinto e o café estragam o corpo, mas não só, estragam também a alma dos desesperados.
Deixou um papel no banco ao lado do condutor, por entre outros: "I know not what tomorrow will bring... "
A salvação reside a 75 metros de altura.

1 comentário:

Dvd. disse...

Não tão genial como o primeiro. Falta-lhe um inicio melhor ..