Hoje o TB conta com uma participação especial de um "fellow blogger" de seu nome Dvd.
Ora, Dvd, grande vulto da classe literária frequentemente presente no café associado ao clube de vela do Barreiro, vem maravilhar-nos com a sua narrativa acerca de Álvaro, e o seu entendimento da situção por ele vivida.
Disfrutem!
Constantemente absorvido no seu mundo, ali estava ele, sentado no seu banco, no seu parque, de caneta assente na folha, imóvel, mas sem nunca o largar.
Algo se passava naquele dia. Ainda não tinha escrito nada.
Outrora havia sido uma pessoa diferente. Agora, escrevia.Escrevia, quando estava sozinho, para se libertar da vida.
Atacado de crises de identidade e outras mais graves, como as filosóficas e as de inspiração,ele queria não ser ele, mas ser antes Ele! Àlvaro era agora "o escritor".
- Tem lume?
- Desculpe, não fumo!
Ali estava ela. Ele, há muito que não via sentido na vida, daí que escrevesse. Hà muito que o fazia naquele banco, sem nunca largar a sua caneta. E ali estava ela. Àlvaro olhou-a e largou a caneta.
- Eu também não. Posso-me sentar?
- Podes.
- Importas-te que fume? - disse ela ao acender o isqueiro.
- Não. Pensei que não tivesses lume.
- E não tenho.
- Pensei que não fumasses.
- E não fumo.
Àlvaro sentia qualquer coisa.
Estaria ela a gozar com ele? Não. Ela era de uma beleza que Àlvaro hà muito não encontrava se não na sua escrita.
- Que estás a escrever?
- Palavras...
- Posso ver?
- Hoje não há nada para ver.
Naquele tempo, em que ela fumava e falava com ele, Àlvaro esqueceu todas as suas crises de identidade e as outras mais graves. Esqueceu até a sua caneta. Ela era Ela.
Até que ela largou o cigarro para o chão, com os seus lábios marcados pelo batton.
- Vejo-te outra vez?
- Vez.
- Estás por aqui?
- Eu estou...perdido. - Ela sorriu-lhe e foi-se embora.Ele olhou para os lábios dela marcados no cigarro.
A salvação estava ali, à sua frente.
(A narrativa é da total responsabilidade do autor.)
quinta-feira, maio 24, 2007
quarta-feira, maio 23, 2007
quarta-feira, maio 09, 2007
terça-feira, maio 08, 2007
E então Álvaro atirou-se da ponte.
Caiu, bateu na água e morreu. Talvez já tivesse morrido durante a queda.
Não, Álvaro estava vivo. E arrependeu-se de saltar, mas já não havia caminho de regresso.
Na minha opinião Álvaro morreu no dia em que ela lhe pediu para que se afastassem. Nunca o tinha visto assim.
Todos os que o conheciam concordarão que Álvaro não seria o row model ideal. Desde mau estudante, passando por noctívago compulsivo, até chegar ao extremo de ser anarca, não por ideologia, mas por convicção de que a sociedade perfeita seria aquela em que ninguém mandasse.
Álvaro era "o escritor". Atacado de crises de identidade e outras mais graves, como as filosóficas e as de inspiração, ele queria não ser ele, mas ser antes Ele! Daí ser escritor.
Há três Outonos atrás, estava Álvaro em plena crise de inspiração quando a vê no parque das ideologias que, com nome de Rei inglês. É então que ela lhe pede lume:
-Desulpe, não fumo!
-Eu também não.
E andaram e namoram, e ao fim de 4 meses ele mudou-se para a casa dela.
E ela enganou-o. Não lhe intressou com quem. Ele saiu de casa dela.
Tentou viver sem a sua "Penélope", mas não deu. Quando ela entendeu o erro, ele não a quis: - Eu sou homem! Ela não brinca comigo!
Numa tarde quente de maio fartou-se de tentar viver. Parou o Clio no tabuleiro da "Ponte Salazar" e saltou.
Se não se matasse, também não durava muito. O absinto e o café estragam o corpo, mas não só, estragam também a alma dos desesperados.
Deixou um papel no banco ao lado do condutor, por entre outros: "I know not what tomorrow will bring... "
A salvação reside a 75 metros de altura.
Caiu, bateu na água e morreu. Talvez já tivesse morrido durante a queda.
Não, Álvaro estava vivo. E arrependeu-se de saltar, mas já não havia caminho de regresso.
Na minha opinião Álvaro morreu no dia em que ela lhe pediu para que se afastassem. Nunca o tinha visto assim.
Todos os que o conheciam concordarão que Álvaro não seria o row model ideal. Desde mau estudante, passando por noctívago compulsivo, até chegar ao extremo de ser anarca, não por ideologia, mas por convicção de que a sociedade perfeita seria aquela em que ninguém mandasse.
Álvaro era "o escritor". Atacado de crises de identidade e outras mais graves, como as filosóficas e as de inspiração, ele queria não ser ele, mas ser antes Ele! Daí ser escritor.
Há três Outonos atrás, estava Álvaro em plena crise de inspiração quando a vê no parque das ideologias que, com nome de Rei inglês. É então que ela lhe pede lume:
-Desulpe, não fumo!
-Eu também não.
E andaram e namoram, e ao fim de 4 meses ele mudou-se para a casa dela.
E ela enganou-o. Não lhe intressou com quem. Ele saiu de casa dela.
Tentou viver sem a sua "Penélope", mas não deu. Quando ela entendeu o erro, ele não a quis: - Eu sou homem! Ela não brinca comigo!
Numa tarde quente de maio fartou-se de tentar viver. Parou o Clio no tabuleiro da "Ponte Salazar" e saltou.
Se não se matasse, também não durava muito. O absinto e o café estragam o corpo, mas não só, estragam também a alma dos desesperados.
Deixou um papel no banco ao lado do condutor, por entre outros: "I know not what tomorrow will bring... "
A salvação reside a 75 metros de altura.
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