Hoje apaixonei-me no autocarro. Era o 90 que vai para Entrecampos. Ela era linda. Pequenita, com um casaco comprido branco e um rabo-de-cavalo. Um piercing minúsculo no nariz. Eu olhei para ela, deslumbrado, ela nem me deve ter visto... ou se calhar viu, mas não fez caso.
O amor e a paixão. Duas coisas tão diferentes, e com tão pouco em comum.
A paixão é uma coisa boa. A paixão é boa, porque é descomprometida, dá liberdade, e mesmo que não desse, sabia sempre bem aquela vontade de tar com ela a toda a hora, a todo o momento, de nao saber respirar se ela estar ao lado, de querer acordar ao lado dela, de ter medo que ela não venha.
O amor, por seu lado, é uma merda. E porquê? Porque o amor vem depois da paixão, e só aparece quando esta acaba. Ora, o amor não passa de comodismo. É um hábito. É uma coisa que é gira, mas que não passa do mesmo. Deixa de ser coração e passa a ser cabeça (eu sei do que tou a falar, namorei um ano e meio com a mesma miúda!).
O amor só dá dores, sejam elas de cabeça, de corno, ou até de corção.
Ela saiu da carruagem, cabelo esvoaçando lentamente... olhou para trás... os olhos cruzam-se. Ela segue deslizando no empedrado, eu lamento a minha falta de coragem...
Amanhã pode ser que a veja, não acredito, mas quem sabe se...